Por Marcos Vinicius Cabral
A frase "Por favor, deixem seus egos do lado de fora ao entrar", colada na porta do A&M Studios em Hollywood, na Califórnia, dava sinais claros que os 45 artistas que participavam da ação humanitária USA For África, tema da canção We Are The World, que completa 38 anos neste sábado (28), não estavam ali de brincadeira.
Composta por Michael Jackson e Lionel Richie e sob a batuta de Quincy Jones, a canção se transformaria em um hino até hoje lembrado.
Naquela noite, a partir de então, vidas foram mudadas com a arrecadação de milhões de dólares em prol da campanha.
Estou escrevendo sobre um marco musical histórico de 1985.
Foi legal ver na abertura do clipe o globo terrestre girando, se transformando em um pano branco com letras garrafais escritas USA FOR ÁFRICA e os autógrafos das estrelas surgindo.
Mas foi legal ver também artistas da estirpe de Bob Dylan, Cyndi Lauper, Al Jarreau, Tina Turner, Billy Joel, Dionne Warwick e tantos outros, abraçarem a causa.
Bacana demais o dueto de Bruce Springsteen com Stevie Wonder e no final da canção a belíssima sonoridade com Ray Charles.
Boas ações pararam no tempo.
Décadas depois, os artistas não se movimentam por uma boa causa e o que mais se vê são cantores sem nenhuma relevância discursando nas redes sociais, principalmente no Twitter, sobre assuntos que desconhecem por completo.
E o pior é que, desta forma, não tem um ato altruísta para matar a fome de alguém e mudar a vida de ninguém.
Tudo é um ego somado à estratégia da assessoria de imprensa para maquiar a falta de talento, justificando a busca cada vez mais desesperada por holofotes e likes, muitos likes.
Já não importa o que você canta, mas sim a qual discursinho fajuto você está alinhado.
Bom, se no meio do Twitter, Instagram e YouTube surgir um novo Bob Dylan, um Kenny Rogers ou algo minimamente próximo de Michael Jackson, me avisem, por favor!
Até lá, fico assistindo de camarote a música empobrecida e artistas definhando em melodias pobres.
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