sexta-feira, 17 de março de 2023

Leandro

 

Texto e ilustração: Marcos Vinicius Cabral 

Por mais que eu tente buscar palavras neste 17 de março de 2023 para dizer o que você representa na minha vida de torcedor rubro-negro, não será suficiente.

Desde o dia em que descobri, aos oito anos de idade, naquele longínquo 1981, um jogador habilidoso, de cabelo escorrido, olhos verdes, pernas arqueadas, que vestia com altivez a camisa 2. Naquela época, ao ver o Anjo das Pernas Tortas Rubro-Negro jogar e, além disso, demonstrar um amor incondicional ao Flamengo, que não fui mais o mesmo.

"Tio, quem é esse jogador?", perguntei com os olhos fixados na TV com imagens desbotada em preto e branco.

"Leandro, um dos mais habilidosos do Flamengo", respondeu meu tio José Cláudio cheio de frio embaixo do edredom na cidade de Venda das Pedras, em Nova Friburgo.

Ali, sem perceber, fui acertado em cheio quando ouvi o seu nome.

Foi paixão à primeira vista quando vi, com os olhos ingênuos da criança que era. E de paixão, sei que você entende.

Mas ali, com meu tio, esqueci Zico. Não quis saber de Junior e nem me preocupava com as jogadas de Adílio e os desarmes na bola do Andrade.

Se o Raul fechava lá atrás e Marinho e Mozer eram intransponíveis, pouco me interessava.

Dava de ombros, se Tita pela direita e Lico pela esquerda, faziam o diabo na defesa adversária.

O que eu queria era saber sobre o Leandro, que já era considerado por mim, um menino de apenas oito anos, meu craque  predileto.

Não te escolhi. Teu futebol me escolheu.

No entanto, você não foi apenas um cracaço ou um herói com super poderes. Mas um herói que eu gostava pelas qualidades que sempre demonstrou em campo. Fora das quatro linhas, conheci o cidadão José Leandro de Souza Ferreira, que me apresentou a própria família e mostrou-me o significado de duas palavras que todo homem deve manter na vida para ser bem-sucedido: simplicidade e humildade.

Você me ensinou muito mais do que é o significado de amar um clube. Eu me via em você, todas as vezes em que seus pés pisavam em um campo de futebol.

Você fez o seu melhor e se doou de corpo e alma. Eu faço isso até hoje na vida.  

Você respeitou o torcedor. Honrou o Manto Sagrado e quisera Deus, encerrou a brilhante carreira cedo demais.

Tudo foi como Deus quis. No entanto, nesta sexta-feira, 17 de março, estou eu aqui te escrevendo mais um texto - sei que sou chato, tolere, mas é coisa de torcedor - para dizer o quanto você foi importante para mim.

Feliz aniversário. Que Deus abençoe sua saúde, sua família e possa te dar o que o coração desejar.

Um forte abraço não só hoje, que é seu aniversário de 64 anos, mas para sempre!

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