Ninguém explica Zico em campo |
Por Marcos Vinicius Cabral
"Zico usou cada metro quadrado dos estádios por onde esteve e fez deles um cadafalso de uso pessoal.
A nós, flamenguistas, que vibramos com os gols que fez, que enlouquecemos com as jogadas criadas por uma mente sã e corpo são, medimos com os olhos impávidos os passes milimetricamente dados com extremo zelo para os companheiros de time.
Dentro do quadrado verde denominado campo de futebol, Zico era diferente na maneira que corria, na forma em que batia na bola, no nó que dava nos cadarços das chuteiras e até na entrevista que concedia antes e depois dos jogos.
O filho caçula de dona Matilde e seu Antunes nunca precisou de promoção, a imagem dele fala por si só.
O aniversariante, que chega aos 70 anos nesta sexta-feira (3), permanece com valores imutáveis e inegociáveis. E se tem algo que muda na vida do eterno camisa 10 todo ano que nem ele consegue conter, é o carisma que cresce dia a dia, mês a mês e ano a ano.
Mas Zico é determinação rara. Sempre foi assim. E humilde sempre.
São qualidades que outros ídolos do futebol tanto quanto ele, desconhecem.
No entanto, feliz fomos nós, que agradecemos todos os anos à imponente sede do Flamengo que abriu os braços querendo abraçar aquele menino loirinho, magrinho, ainda pequeno para 14 anos e fez dele um homem, um atleta, um profissional, um ídolo, que acima de tudo é um enorme ser humano.
Mas tão gigante, tão gigante, que os feitos realizados e descortinados aqui, não estão os 508 gols marcados pelo Flamengo, os 30 pela Udinese e nem os 56 pelo Kashima Antlers, como os que merecem aplausos.
Tampouco os títulos que enfileirou com a camisa rubro-negra.
Na figura pública de Zico, é Arthur Antunes Coimbra que presencia os golaços fora de campo.
Longe dos olhos de quem sempre levantou da arquibancada para aplaudir e vibrar com cada jogada ou gol que fez, o Galinho de Quintino continua fazendo golaços por aí.
Zico, eu e o quadro que pintei dele |
Seja no autógrafo dado a uma criança, a um adolescente, na atenção destinada para um idoso que pede para tirar fotos, aos fãs do Flamengo ou de outros times, Zico vai colhendo o reconhecimento plantado lá atrás com muito esforço e dedicação.
As demais qualidades, o futebol se incumbiu.
No entanto, o maior orgulho de todo rubro-negro não é ter Zico como exemplo. Isso é muito, mas muito pouco para quem foi um gigante personificado em quatro letras apenas.
O maior orgulho da Nação Rubro-Negra é saber que tricolores, atleticanos, coritibanos, alvinegros, palmeirenses, são -paulinos, gremistas, vascaínos, corintianos e torcedores de clubes rivais Brasil afora respeitam e amam o Zico tanto quanto nós.
Esse é o nosso orgulho. E orgulhosos, respiramos fundo, estufamos o peito para poder bater nele e dizer: "eu tenho o Zico!".
O futebol aplaude e a vida agradece".
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