sexta-feira, 24 de março de 2023

A diferença entre técnico e líder

 


Por Marcos Vinicius Cabral 

"Qualquer modalidade esportiva, independentemente de qual seja, vai muito além do que uma simples disputa por vitórias, troféus ou pódios.

Há uma cartilha do esporte com mandamentos sagrados a ser seguida à risca e que deixam em nós, lições para o resto da vida.

Lágrimas, dores e derrotas fazem parte desta cartilha, que rege em perder e ganhar, resultante do contexto produzido na competição.

Quer a glória? Tem que ter luta! Mas a derrota deixa em nós, por mais que nos machuque, lições inesquecíveis.

A cena que fica para mim como marcante nesta Copa do Mundo do Catar, não foi o pé inchado de Neymar. 

Não foi também os jogadores comendo carne folheada a ouro ou o zagueiro Éder Militão ostentando um relógio avaliado em aproximadamente R$ 3 milhões.

O que fica para mim foi a saída repentina de Tite, após o Brasil ser eliminado para a Croácia, nas cobranças de pênaltis.

Vergonha? Covardia? Egoísmo? 

Para mim, a imagem dos jogadores desolados inundados em lágrimas é tão pertinente quanto a imagem de Tite, técnico deles, saindo apressadamente para o vestiário.

Consideradas às comparações, me lembrou Zidane caminhando para o vestiário, após acertar cabeçada no peito de Materazzi na Copa do Mundo de 2006.

Mas entre mortos e feridos na batalha campestre vencida pelos croatas na sexta-feira (9), no Estádio da Cidade da Educação, o comandante se acovardou e abandonou os soldados depois da batalha perdida.

O que Tite fez foi desumano. Mesmo já tendo anunciado que não continuaria no comando da Seleção Brasileira, poderia demonstrar um pouco mais de carinho e respeito pelos jogadores. Podia não apenas ter olhos para o próprio umbigo. A dor foi alheia e não dele.

Tite, na sua mediocridade como técnico, foi além, e se superou sendo menor ainda como ser humano.

Após estratégia mal traçada em escolhas estranhas nos tiros importantes nas cobranças de pênaltis que saíram pela culatra, não esboçou sentimento pelos jovens soldados, ali feridos, que precisavam de um mão para serem levantados.

Nenhum deles ouviu do comandante: "Vem, levanta! Vamos cuidar dessas feridas que, independente de continuar com vocês, daqui a quatro anos tem uma outra guerra nos Estados Unidos, México e Canadá!".

Poderia eu, na minha insignificância de jornalista e na minha ignorância de ser humano, tentar atenuar o que penso sobre o abandono de campo de Tite, que perdeu uma Copa do Mundo para ele próprio com uma geração talentosa de jogadores à disposição.

Isso é o que Tite foi. Covarde, arrogante e um técnico que se disfarçou de líder. Sem liderança alguma, simplesmente, sucumbiu para uma Croácia que teve, na figura de alguns jogadores, a hombridade de consolar alguns meninos do Brasil.

O futebol é uma arte que imita a vida e aplaude quem cai de pé, perde lutando. 

Entretanto, o futebol e a arte rejeitam covardes e não toleram atitudes como as que Tite teve.

Poderia Tite, ter se espelhado no colega Hajime Moriyasu, técnico do Japão, que chamou seus jogadores para consolá-los depois da derrota para a mesma Croácia na disputa por pênaltis, pelas oitavas de final da Copa do Mundo. 

Na ocasião, atletas foram aplaudidos pela torcida presente no estádio.

No futebol, ainda mais em uma Copa do Mundo, existe uma gigantesca diferença entre ser técnico e líder. 

Técnicos como Tite escalam time, dão instruções, fazem Dança do Pombo e mexem errado.

Líderes deixam lições. 

Essa foi a diferença!".

quarta-feira, 22 de março de 2023

Mulheres são flores

 


Por Marcos Vinicius Cabral 

Mulheres são flores que desabrocham todos os dias quando nos dão um simples sorriso.

Plantadas em uma noite por um casal de jardineiros envoltos na paixão, deixam de ser sementes e acabam se transformando em corpo presente. 

Cheirosas em diversas cores, elas, mulheres, foram extraídas do pecado adâmico de uma simples costela do homem. A melhor parte do corpo é a mulher.

Mas Deus pintou a mulher em uma tela qualquer do mundo e usou tintas da fértil criação.

Brancas, negras, morenas, loiras... cada uma com sintonia e beleza incomparáveis. Ela é a bela visão do que nós, homens, imaginamos.

Elas têm a vastidão do céu e a profundeza do mar. E são misteriosas.

A mulher refresca como a chuva e dá o calor necessário em noites frias com um simples "Eu te amo!". 

Lindas mulheres em sintonias e que são notas musicais de nossos instrumentos. Mulher é emoção. É flor que merece canteiro e carinho.

Precisa ser cuidada. Adubada. E quando se ama uma mulher, ah, ela floresce. E não morre nunca!

Que você, homem, seja um bom jardineiro para essa flor que Deus brotou no jardim da sua vida".

terça-feira, 21 de março de 2023

O salto

 


Por Marcos Vinicius Cabral

"Um imagem vale mais do que mil palavras. Essa que acompanha o texto é uma delas. Não é o fato da cabra saltar de um penhasco para outro simplesmente.

O salto, muito arriscado por sinal, representa muito mais do que um simples pulo. Significa que a consequência deste ato, se for mal pensado, arquitetado e planejado, pode mudar o resto da vida do pobre quadrúpede.

Simplesmente, não é o fato da cabra ter fé o suficiente para realizar decisão tão perigosa. No entanto, o mais importante é notar que a cabra está focada, tem os olhos fixados na direção do objetivo final que é o outro lado. 

Ela não olha para baixo. Não se distrai olhando para cima ou para os lados. Ela não tem medo de cair e morrer.

Não!

Ela não olha para trás e tampouco se lamenta pela decisão que tomou. Não há arrependimento na decisão. O salto para ela tem um só destino: chegar do outro lado! 

Finalmente, muitas vezes na vida, temos coragem para dar um grande salto, seja na vida profissional, pessoal, conjugal, espiritual, ou seja lá na que for. A queda, pode, lógico, acontecer. 

É inevitável!

Nos encontramos, às vezes, olhando para baixo quando estamos por cima e para cima quando estamos caído por algum motivo.

Entretanto, quiçá, decidir dar um pulo arriscado na vida, este é o conselho que dou: se concentre e vá em frente! Tenha métodos para fazê-lo. Aleatoriamente, não se chega a lugar nenhum!

O resultado do salto, decisão única e exclusivamente sua, mostrará se valeu ou não a pena se arriscar".

sexta-feira, 17 de março de 2023

Leandro

 

Texto e ilustração: Marcos Vinicius Cabral 

Por mais que eu tente buscar palavras neste 17 de março de 2023 para dizer o que você representa na minha vida de torcedor rubro-negro, não será suficiente.

Desde o dia em que descobri, aos oito anos de idade, naquele longínquo 1981, um jogador habilidoso, de cabelo escorrido, olhos verdes, pernas arqueadas, que vestia com altivez a camisa 2. Naquela época, ao ver o Anjo das Pernas Tortas Rubro-Negro jogar e, além disso, demonstrar um amor incondicional ao Flamengo, que não fui mais o mesmo.

"Tio, quem é esse jogador?", perguntei com os olhos fixados na TV com imagens desbotada em preto e branco.

"Leandro, um dos mais habilidosos do Flamengo", respondeu meu tio José Cláudio cheio de frio embaixo do edredom na cidade de Venda das Pedras, em Nova Friburgo.

Ali, sem perceber, fui acertado em cheio quando ouvi o seu nome.

Foi paixão à primeira vista quando vi, com os olhos ingênuos da criança que era. E de paixão, sei que você entende.

Mas ali, com meu tio, esqueci Zico. Não quis saber de Junior e nem me preocupava com as jogadas de Adílio e os desarmes na bola do Andrade.

Se o Raul fechava lá atrás e Marinho e Mozer eram intransponíveis, pouco me interessava.

Dava de ombros, se Tita pela direita e Lico pela esquerda, faziam o diabo na defesa adversária.

O que eu queria era saber sobre o Leandro, que já era considerado por mim, um menino de apenas oito anos, meu craque  predileto.

Não te escolhi. Teu futebol me escolheu.

No entanto, você não foi apenas um cracaço ou um herói com super poderes. Mas um herói que eu gostava pelas qualidades que sempre demonstrou em campo. Fora das quatro linhas, conheci o cidadão José Leandro de Souza Ferreira, que me apresentou a própria família e mostrou-me o significado de duas palavras que todo homem deve manter na vida para ser bem-sucedido: simplicidade e humildade.

Você me ensinou muito mais do que é o significado de amar um clube. Eu me via em você, todas as vezes em que seus pés pisavam em um campo de futebol.

Você fez o seu melhor e se doou de corpo e alma. Eu faço isso até hoje na vida.  

Você respeitou o torcedor. Honrou o Manto Sagrado e quisera Deus, encerrou a brilhante carreira cedo demais.

Tudo foi como Deus quis. No entanto, nesta sexta-feira, 17 de março, estou eu aqui te escrevendo mais um texto - sei que sou chato, tolere, mas é coisa de torcedor - para dizer o quanto você foi importante para mim.

Feliz aniversário. Que Deus abençoe sua saúde, sua família e possa te dar o que o coração desejar.

Um forte abraço não só hoje, que é seu aniversário de 64 anos, mas para sempre!

sexta-feira, 3 de março de 2023

Zico

 

Ninguém explica Zico em campo

Por Marcos Vinicius Cabral

"Zico usou cada metro quadrado dos estádios por onde esteve e fez deles um cadafalso de uso pessoal.

A nós, flamenguistas, que vibramos com os gols que fez, que enlouquecemos com as jogadas criadas por uma mente sã e corpo são, medimos com os olhos impávidos os passes milimetricamente dados com extremo zelo para os companheiros de time.

Dentro do quadrado verde denominado campo de futebol, Zico era diferente na maneira que corria, na forma em que batia na bola, no nó que dava nos cadarços das chuteiras e até na entrevista que concedia antes e depois dos jogos.

O filho caçula de dona Matilde e seu Antunes nunca precisou de promoção, a imagem dele fala por si só.

O aniversariante, que chega aos 70 anos nesta sexta-feira (3), permanece com valores imutáveis e inegociáveis. E se tem algo que muda na vida do eterno camisa 10 todo ano que nem ele consegue conter, é o carisma que cresce dia a dia, mês a mês e ano a ano.

Mas Zico é determinação rara. Sempre foi assim. E humilde sempre.

São qualidades que outros ídolos do futebol tanto quanto ele, desconhecem.

No entanto, feliz fomos nós, que agradecemos todos os anos à imponente sede do Flamengo que abriu os braços querendo abraçar aquele menino loirinho, magrinho, ainda pequeno para 14 anos e fez dele um homem, um atleta, um profissional, um ídolo, que acima de tudo é um enorme ser humano.

Mas tão gigante, tão gigante, que os feitos realizados e descortinados aqui, não estão os 508 gols marcados pelo Flamengo, os 30 pela Udinese e nem os 56 pelo Kashima Antlers, como os que merecem aplausos.

Tampouco os títulos que enfileirou com a camisa rubro-negra.

Na figura pública de Zico, é Arthur Antunes Coimbra que presencia os golaços fora de campo.

Longe dos olhos de quem sempre levantou da arquibancada para aplaudir e vibrar com cada jogada ou gol que fez, o Galinho de Quintino continua fazendo golaços por aí.

Zico, eu e o quadro que pintei dele 

Seja no autógrafo dado a uma criança, a um adolescente, na atenção destinada para um idoso que pede para tirar fotos, aos fãs do Flamengo ou de outros times, Zico vai colhendo o reconhecimento plantado lá atrás com muito esforço e dedicação.

As demais qualidades, o futebol se incumbiu.

No entanto, o maior orgulho de todo rubro-negro não é ter Zico como exemplo. Isso é muito, mas muito pouco para quem foi um gigante personificado em quatro letras apenas.

O maior orgulho da Nação Rubro-Negra é saber que tricolores, atleticanos, coritibanos, alvinegros, palmeirenses, são -paulinos, gremistas, vascaínos, corintianos e torcedores de clubes rivais Brasil afora respeitam e amam o Zico tanto quanto nós.

Esse é o nosso orgulho. E orgulhosos, respiramos fundo, estufamos o peito para poder bater nele e dizer: "eu tenho o Zico!".

O futebol aplaude e a vida agradece".